Sessão 3
Uma das influências indiretas sobre a minha poesia vem justamente da Poesia Concreta, mais especificamente dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos. O poeta Mário Faustino foi um dos primeiros a reconhecer a importância do movimento concretista para a poesia brasileira. Aliás, não só a brasileira, pois, uma das grandes singularidades desse movimento foi a sua dimensão internacional, influenciando poetas de outros países.
Seu centro de criação e irradiação foi o Brasil. Haroldo de Campos, junto com seu irmão e o amigo Décio Pignatari criaram um novo conceito de poesia e de tradução. A poesia como um artefato verbovocovisual e a tradução como transcriação, onde poeta-tradutor recria, ou melhor, transcria, na sua língua materna, o poema que advém de outra.
Como artefato verbovocovisual, a poesia concreta rompe com o verso tradicional e passa explorar a palavra em todas as possibilidades – visual, sonora, gráfica, dialogando, inclusive, com outros suportes para além do livro. Se hoje podemos falar de hiperpoema, poemas multimídias, poéticas digitais etc., isso se deve às contribuições teórico-experimentais dos concretos.
Um dos prazeres que gozei este ano, em companhia dos parceiros “tatamirôs” Adriana Abreu e Paulo Rocha, foi o de conhecer a Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, um dos últimos casarões da Paulista conservado com sua arquitetura eclética, do início do século XX. É o primeiro espaço publico destinado à poesia, justamente batizado com o nome deste poeta paulistano, falecido em 2003. E há realmente toda uma atmosfera poética que poderíamos literalmente denominar de concreta: o velho casarão em meio à agitação febril e urbana do centro de São Paulo. O velho-novo, arado por Haroldo, com aromas rosapoundianos, muito bem captados pela câmera do Cinema Possível de Adriana Abreu neste vídeo intitulado RES IST E.
Herbert Emanuel
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